Quando pensamos em campo, as primeiras imagens que vem em mente não são mulheres no campo, mas sim são plantações, gados e homens trabalhando. E, por muito tempo, a associação do homem de campo é feita e serve de base – para tanto, que é a expressão utilizada para denominar pessoas que ainda vivem lá.
Realmente a força de trabalho masculina foi dominante no setor, por diversos fatores, desde culturais, até de escopo de trabalho. Mas essa realidade vem se transformando ao longo dos anos, com o fortalecimento feminino na produção rural. Vamos entender mais sobre o assunto?
Trabalhadoras rurais
O trabalho rural, sempre foi associado a atividades extremamente manuais e pesadas. Por esse motivo, que a força de trabalho masculina foi mais presente até então, afinal, eram jornadas longas, exaustivas, com alto impacto físico e força bruta.
Porém, com a chegada da tecnologia no campo, com seus maquinários e diversas ferramentas, começou a transformar essa realidade. As trabalhadoras rurais, começam então a participar ativamente em todas as etapas produtivas no campo.
No último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a presença de mulheres já representava 47,5% da população residente no campo. Os números aproximados são de 15 milhões, onde mais de 20% dos empreendimentos são geridos por elas.
Se, anteriormente o papel feminino era representar figuras irrisórias – como esposas ou filhas dos proprietários – hoje elas começam a tomar o protagonismo de qualquer profissão relacionada: engenheiras, agrônomas, produtoras e outras.
Os salto nessa última década não mente: o mesmo censo, em 2006, mostrou que as mulheres empreendedoras no campo não passava de 10%.
E qual posição mais ocupam as mulheres no campo
Com o crescimento dessa presença no campo e a representatividade que ocupam, já parou para pensar qual é a atividade/atuação que mais são ocupadas por elas?
- 73 trabalham diretamente nas fazendas;
- 9,3% atuam com atividades relacionadas, como o fornecimento de serviços para o campo e produtos direcionados para esse fim;
- 3,7% estão em cooperativas do campo;
Das propriedades, também temos dados interessantes sobre a presença feminina nesses locais:
- Mais de 85% estão em minifúndios e/ou propriedades;
- 13,5% em médias;
- E quase 11% em propriedades de grande porte.
Outros dados começam a surgir, como as feitas pela Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), demonstra que elas também estão alçando cargos mais altos. 60% são proprietárias ou sócias dos negócios.
Desses locais, 30,5% são ocupados por colaboradoras e pouco mais de 10% são de líderes mulheres.
Mas nada disso são flores: os desafios são imensos
Apesar da força feminina e o lema “o lugar da mulher é aonde ela quiser” também estar chegando no campo, infelizmente, ainda existem muitas dificuldades. Os mais conhecidos por qualquer mulher – como a maternidade e o preconceito – são especialmente mais sentidos por essas profissionais.
Maternidade x trabalho no campo
Em qualquer mercado de trabalho, na cidade ou no campo, quando uma mulher se torna mãe, sua vida profissional da uma guinada – infelizmente para pior. Conciliar a chegada do novo bebê é um desafio, especialmente nos primeiros anos.
Ter com quem deixar, cuidar de problemas diversos que podem ocorrer. Portanto, não é de se surpreender que, segundo uma pesquisa conduzida pela FGV, quase 50% das mulheres que voltaram da licença-maternidade, foram dispensadas.
Discriminação e machismo
Por ser uma força de trabalho que por muito tempo foi dominada por homens, mulheres ainda sofrem com a desigualdade de gênero – especialmente em cargos de liderança. Tudo isso, associado ao preconceito diário e muitos desafios.
Falta de abertura, dificuldade em ter autoridade, repúdio, desconfiança. A lista de percalços que uma mulher percorre nessa escolha, são diversas. Mas os números estão aí para provar que isso não é um problema para essas mulheres.
E o que é esperado para um futuro próximo para mulheres no campo
Os dados estão animadores e mostra uma grande movimentação das mulheres e crescimento do interesse pelo campo. Entretanto, se em pouco mais que uma década, a presença feminina não apenas no trabalho diário, mas no protagonismo, vem crescendo, é esperado que isso continue.
Os desafios, porém, não devem ser ignorados. Para que essa representação seja ainda maior, é preciso combater a desigualdade salarial e de cargos. E investir cada vez mais na presença feminina nessas posições.
Existem diversas influenciadoras que mostram o dia-a-dia dessa nova realidade e são verdadeiras inspirações diárias:
- Alessandra Decicino
- Luciany Marques
- Entre outros.
A presença das mulheres no campo é inspirador e todos tem a ganhar. E que tal compartilhar esse conteúdo, para inspirar ainda mais mulheres a seguirem seus sonhos?