A segunda reestimativa da safra de laranja 2025/26 no cinturão citrícola de São Paulo e do Triângulo/Sudoeste Mineiro indica um ajuste negativo no volume projetado. Segundo o Fundecitrus, a produção estimada é de 294,81 milhões de caixas de 40,8 kg, refletindo uma redução em relação às projeções anteriores do ciclo.
De acordo com a entidade, o volume revisado representa uma queda de 3,9% frente à reestimativa divulgada em setembro e de 6,3% em comparação com a estimativa inicial apresentada em maio, evidenciando um cenário mais desafiador para o setor citrícola neste ciclo.
Clima abaixo da média e impacto no desenvolvimento dos frutos
Conforme dados analisados pelo Fundecitrus com base em informações da Climatempo Meteorologia, o regime de chuvas entre maio e novembro de 2025 ficou cerca de 20% abaixo da média histórica no cinturão citrícola. Em regiões como o Triângulo Mineiro e Bebedouro, o déficit hídrico foi ainda mais severo, ampliando os efeitos do estresse climático sobre as plantas.
O instituto destaca que a expectativa de recuperação das condições hídricas na primavera não se confirmou no ritmo esperado. Em setembro, por exemplo, a precipitação média foi significativamente inferior ao padrão histórico, prolongando o período de estiagem e comprometendo o enchimento dos frutos colhidos nesse intervalo.
Como consequência, o Fundecitrus revisou para baixo o peso médio dos frutos, estimando uma redução média de aproximadamente 4 gramas em relação à projeção anterior. Esse ajuste altera diretamente a relação entre número de frutos e o preenchimento da caixa padrão de 40,8 kg.
Diferenças entre variedades
A análise por variedade, também conduzida pelo Fundecitrus, indica que o impacto foi mais significativo nas laranjas de colheita média e tardia. A variedade Pera, por exemplo, passou a demandar um maior número de frutos por caixa, reflexo direto da redução do peso individual.
Tendência semelhante foi observada nas variedades Valência, Folha Murcha e Natal. Já as variedades precoces, como Hamlin, Westin e Rubi, mantiveram maior estabilidade nos parâmetros projetados, em função de menor exposição ao período crítico de estiagem prolongada.
Aumento da taxa de queda e avanço do greening
Outro fator determinante para a revisão da safra foi a elevação da taxa de queda de frutos, ajustada de 22% para 23%. Segundo o Fundecitrus, o principal vetor desse aumento é o crescimento da severidade média do greening no parque citrícola, que continua reduzindo de forma expressiva o potencial produtivo das plantas.
O instituto ressalta que, embora a taxa de crescimento da doença venha desacelerando, a intensidade dos sintomas nas árvores afetadas aumentou. Atualmente, uma parcela relevante das plantas com greening apresenta comprometimento severo da copa, o que, aliado ao déficit hídrico, eleva significativamente a propensão à queda de frutos.
Considerações finais
A segunda reestimativa da safra 2025/26, conforme divulgada pelo Fundecitrus, reforça um ambiente de maior pressão sobre a citricultura, marcado pela combinação entre clima adverso e desafios fitossanitários estruturais. A redução do volume projetado impacta não apenas a produção total, mas também parâmetros operacionais, logísticos e econômicos ao longo da cadeia.
Nesse contexto, o acompanhamento técnico contínuo e o uso de informações atualizadas tornam-se fundamentais para orientar decisões e mitigar riscos em um ciclo cada vez mais exigente para o setor.
